Andar em Brighton é um passeio bizarro e nostálgico.
Temos as casas de arquitectura clássica da altura da Regência Britânica estoicamente viradas para o mar. Temos os piers ou paredões dispostos pelo mar dentro repletos de máquinas de jogos, luzes e todo o tipo de carrosséis e montanhas-russas.
Para mim a essência da cidade está naquela primeira-linha do mar e aquela praia. Praia essa feita de pedras enormes que não podem ser confortáveis. Agora consigo perceber porque é que os ingleses chegam aqui à praia de Matosinhos e pensam que até é alguma coisa em condições (tenho alguma dificuldade em respeitar a praia de Matosinhos desde que involuntariamente nadei com um penso higiénico em 1997).
Mas atenção, não estou de forma nenhuma a desdenhar a praia inglesa, há algo de encantador naquela visão áspera e heterogénea. Apesar de ser um bocado penoso caminhar por cima daquilo, pessoalmente adorei e tenho agora a parte debaixo dos pés muito lisinha.
Temos ainda lojas hipster por toda a parte. Muito barzinho da moda, muito rapaz com bigodinho e cabelinho à foda-se. Há ainda muito bom vinil e muita arte mas claro, tudo caro para os bolsos de uma portuguesa pobre.
Apesar de tudo o que tem para oferecer, Brighton deixou em mim um sentimento de nostalgia. É uma cidade com interesse no futuro mas que não consegue (nem quer) abanar as fortes impressões do passado.
Há qualquer coisa de cidade esquecida à beira-mar em Brighton e é isso que a torna inesquecível.
Apertei as mãos com um céu nublado, trauteei Smiths enquanto a conhecia e disse adeus a um pôr-do-sol magnífico. Não podia pedir mais a esta encantadora cidade.
[Sem querer soar muito dramática (mas já soando)] - Até sempre Brighton e obrigada.