Tenho um blog novo [palmas do
público].
Podia escrever num diário, num
pedaço de papel escondido como os velhos e talentosos poetas. Mas tenho menos
talento e mais ânsia por exposição.
Algo que deviam saber sobre mim.
Gosto de passear de bicicleta pelo Parque. Tem todas as vantagens. Dá-me a possibilidade
de exercitar e aproveitar o ar puro, mas acima de tudo proporciona-me uma sempre
rica reflexão de antropologia enquanto queimo calorias.
Um dia normal no Parque.
A destacar:
Comecemos pelo básico. Há sempre
o vulgar pervert sentado num banco de
jardim, de perna alçada com as suas calças de terylene. Não sei que tipo de satisfação
é que ele tira ao estar ali a olhar para mulheres de meia-idade vestidas com
calças de fato-de-treino. Mas não vou julgar.
Sim sim, pode ser um pedófilo
bucólico. Não tinha pensado muito nisso.
Depois há os casais muito
apaixonados, os casais mais ou menos apaixonados, os casais menos apaixonados,
que decidem ser radiantes/miseráveis ao ar livre.
Há sempre as famílias numerosas
com mesas de plástico e geladeiras que te fazem sentir mal porque achas de
repente que estás a invadir a sala de jantar deles quando te aproximas.
Há aquelas pessoas que levam os
seus cães minúsculos a passear. Juro que deve haver um concurso do qual não
estou suficientemente a par que consiste em levar o canino mais pequeno a
passear e conseguir que ele não saia de lá espetado numa roda 26 (o cão era
absolutamente fofo e só me apeteceu roubá-lo e fugir-mos juntos em direcção ao
pôr-do-sol).
Depois a nível pessoal, há sempre
aquela vergonha pública de esconder os teus esgares de dor física quando passas
por outras pessoas.
O que eu gostava de parecer...
O que eu realmente pareço...
E finalmente, aquele momento de
algum desconforto quando tens de ultrapassar uma pessoa com mobilidade reduzida
na sua cadeira de rodas. Nunca me habituei a esta.
E é isto. Já chega. Já não tenho
mais nada para dizer.
Adeus então.